segunda-feira, 18 de maio de 2009

Viagem Ambiental : Vamos Boicotar !!



São preocupantes as informações, que começam a surgir, dando conta, que a famigerada crise mundial vem provocando diminuição nos investimentos e ações 'ecologicamente corretas'. As tentativas de diminuir prejuízos ou retomar lucros, do período pré-crise, podem provocar efeitos deletérios incalculáveis e incontornáveis.
É impressionante como o homem incorre nos mesmos erros repetidas vezes. As iniciativas em prol do meio-ambiente não são custos , e sim ,investimentos. Mas basta os lucros diminuirem para a visão retrógrada e o descompasso com o futuro, reaparecerem, fazendo involuir a 'consciência verde' que como uma pequena semente parecia começar a germinar na cabeça dos ''homens de negócios'.
Os agravos contra a natureza, por menores que sejam, perduram por anos , décadas , gerações... Estes danos vêm em tempo real e em progressão geométrica. Já as ações conscientes de reparo, estas, exigem esforço e uma rede imensa de colaboração. Os resultados deste trabalho em rede, vem a conta-gotas e em progressão aritmética.
Não há tempo a perder!!! E não há crise e ou propostas de desenvolvimento para superá-la, que justifiquem uma único retrocesso, quando o interessado é o Planeta e suas formas de vida, entre as quais, o homem não é o soberano, e sim , apenas mais um elo, em uma frágil corrente.
É hora de cobrarmos ,como consumidores, ações pró-planeta de empresas, lojas, bancos e etc. A resposta do cidadão frente à agressão , omissão e ou negligência de empresas e afins, deve ser feita com boicote ao consumo. Se crises e quedas de lucros sinalizam para eles desrespeito à natureza, nós , cidadãos conscientes, temos de buscar a inversão, desta lógica perversa, através de um boicote a seus produtos.

Deixo abaixo, matéria do Jornal o Globo de 17/05/09, abordando o tema e também um blog bem legal, que traz sempre alternativas ecológicas e iniciativas conscientes e bem sucedidas tendo como foco um Planeta mais limpo.

http://ecobriefing.wordpress.com

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Crise dá lugar ao ´ecologicamente incorreto`

Investimento em energia limpa no mundo cai 53% no 1º trimestre. Exportação de madeira certificada recua 80%

Camila Nobrega

Após anos como centro das atenções de todo o mundo, o conceito de desenvolvimento sustentável parece ter perdido o status de urgente, ao menos na visão de alguns países e empresas.

Com o agravamento da crise financeira, a consciência ecológica de muitas instituições foi deixada de lado, para dar lugar a um único objetivo: a recuperação econômica a qualquer custo. Para especialistas, chegou o momento de separar o joio do trigo e saber quem realmente dá prioridade a práticas ecologicamente sustentáveis.

Segundo um estudo na consultoria inglesa New Energy Finance, novos investimentos em energia limpa despencaram 53% em todo o mundo, no primeiro trimestre de 2009 em relação ao mesmo período de 2008, passando de US$ 28,3 bilhões para US$ 13,3 bilhões.

Em relação ao último trimestre de 2008, quando a maioria dos investimentos programados foi mantida, a queda foi de 44%.

No Brasil, 23% dos projetos foram adiados

No Brasil, a queda nos novos investimentos foi de 18%. No entanto, em relação ao período de outubro a dezembro de 2008, o tombo foi de 76%. Mas, segundo a chefe do escritório da New Energy na América Latina, Camila Ramos, é importante ressaltar que houve um refinanciamento (nova aprovação de crédito) para um projeto de energia limpa brasileiro que somou US$ 1,8 bilhão: — O refinanciamento mostra interesse em manter o projeto.

Mas o número de novos projetos, que já têm ao menos financiamento aprovado, caiu.

No Brasil, há 138 que deveriam começar entre 2008 e 2012.

Desses, 23% foram adiados e não têm nova previsão e outros 23% estão sob análise. Em todo o mundo, a principal razão é a escassez de crédito.

Ainda segundo Camila Ramos, apenas 19% dos projetos programados para começar entre 2008 e 2012 estão em andamento, 21% estão mantidos, e 6% foram abandonados. Os outros 8% dizem respeito a empresas que não quiseram informar seu planejamento.

Outro setor afetado pela crise econômica foi o mercado de carbono, que consiste na possibilidade de países desenvolvidos comprarem créditos de outras nações emergentes que possuem projetos de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL). Os valores são fixados para cada tonelada de carbono que deixa de ser lançada na atmosfera.

Segundo a Associação das Empresas do Mercado de Carbono (Abemc), o preço do carbono caiu 50%, de C 20 para C10, devido à desaceleração da produção industrial no mundo.

Ainda não há dados fechados sob o volume financeiro negociado no mercado neste ano, mas estima-se que haverá forte queda em relação aos US$ 118 bilhões de 2008.

Com isso, as perdas do Brasil, terceiro maior gerador de créditos de carbono no mundo, podem chegar a US$ 2 bilhões, segundo o presidente da Abemc, Flávio Gazani: — Além da queda na produção industrial, o preço do carbono está ligado ao petróleo, que está em queda. E, reduzindo emissões de carbono, a Europa aumenta seus créditos, sem precisar comprar dos países emergentes.

Como consequência disso, há um desestímulo à criação de novos projetos de MDL.

Gazani destaca também que houve queda no mercado voluntário de crédito de carbono, que é movido por iniciativas de empresas que têm medidas próprias de redução de emissão.

Como as empresas não compram créditos por obrigação de compensar sua produção, muitas companhias reduziram essas negociações durante a crise. Segundo a New Energy, houve redução de 70% nas transações no mercado voluntário, que está operando com um preço entre C 5 e C 10.

Para Camila Ramos, da consultoria, há três principais motivações para o investimento em desenvolvimento sustentável: legislação, retorno econômico atraente e marketing: — Nesse momento, estamos vendo queda em mercados que não estão apresentando retorno financeiro atraente. E as empresas que não haviam incorporado a consciência ambiental como parte da instituição fizeram cortes.

Para Sérgio Amoroso, presidente do Grupo Orsa, maior exportador de madeira certificada no Brasil, o principal problema no país é a ausência de legislação que obrigue a utilização do produto ao menos em obras públicas. Ele conta que, desde o início da crise, as exportações caíram 80% e o preço 20% e, apesar de o Brasil ser um dos maiores consumidores de madeira no mundo, o mercado interno responde por menos de 10% das vendas: — No Brasil, consome-se basicamente madeira não certificada.

Para se obter o selo de certificação, é necessária uma grande infraestrutura e provar que não há conflito com comunidades.

Deveria ser a prática padrão, portanto, uma cobrança por parte do governo é fundamental. Já reduzimos a produção e, se não houver recuperação econômica ou uma contrapartida do governo até 2011, não sabemos se a empresa vai sobreviver.

Segundo Amoroso, a queda no faturamento de outubro a abril em relação ao ano anterior foi de 50% (aproximadamente R$ 14 milhões). Ele ressalta ainda que, com a queda de preço da madeira certificada, a diferença para a não certificada caiu muito. Hoje, a madeira sem certificação é apenas 8% mais barata, enquanto antes da crise a margem era de cerca de 30%.

Segundo o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, neste momento, ainda é impossível exigir das empresas brasileiras a certificação oficial, pois isso limitaria muito a possibilidade de disputa em licitações: — Exigimos madeira legalizada, que possui plano de manejo ambiental, isso já é uma revolução no Brasil. Não dá para exigir ainda madeira certificada, que não pode usar agrotóxico ou trabalho infantil. Esse é nosso rumo no futuro.

Orçamentos das ONGs também caíram 7%

A empresa Butzke, que vende móveis feitos com madeira certificada, também registrou queda nas exportações, de cerca de 30% e teve prejuízo de R$ 1 milhão desde setembro de 2008. Segundo o diretor da Butzke, Michel Otte, companhias que não exigiam madeira certificada reduziram as encomendas: — Há dois tipos de clientes, os que exigem o produto certificado, e o que trabalha com os dois tipos. Esse último reduziu custos. Redes americanas como Wal-Mart e Lowe’s pararam de comprar conosco.

As ONGs também sentiram o peso da crise. Segundo a presidente da SOS Mata Atlântica, Márcia Hirota, o orçamento anual foi reduzido em 7%, passando de R$ 19,5 milhões em 2008 para R$ 18,100 milhões em 2009: — As empresas estão adiando os repasses de verbas, então temos que ser cautelosos.


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'A prioridade passou a ser a recuperação econômica de cada um`


CORPO A CORPO: SÉRGIO SERRA
Sérgio Serra é embaixador extraordinário para Mudanças Climáticas do Itamaraty e representará o Brasil na reunião de Copenhague, em dezembro, onde se discutirá um novo Protocolo de Kioto.

Para ele, o novo acordo deverá será muito prejudicado pela crise.
O GLOBO: Os dados mostram que está havendo um retrocesso nos investimentos em sustentabilidade desde o início da crise. O senhor acredita que o mundo, de uma forma geral, tenha deixado de dar prioridade a esse tipo de investimento?

SÉRGIO SERRA: Certamente, as consequências da crise para o meio ambiente são negativas. Os aspectos de mudança do clima, em um contexto de dificuldades financeiras, perdem a urgência.

A prioridade passou a ser a recuperação econômica de cada um.

Mas os esforços, por meio de investimentos, ocorrem de formas distintas.

A Coreia do Sul está destinando 80% dos investimentos anunciados em seu plano de recuperação econômica para energia limpa, enquanto nos demais países a porcentagem é muito menor.

Quais serão os efeitos desse adiamento dos investimentos para o planeta?

SERRA: Um efeito perverso da crise é o adiamento dos planos. Esses investimentos deveriam ser iniciados agora, para gerar benefícios a longo prazo.

Estávamos caminhando para negociações maiores sobre redução de emissões de carbono no mundo, e agora certamente enfrentaremos resistências de vários países. Por outro lado, temos um benefício natural com a desaceleração da economia mundial, porque as emissões estão sendo reduzidas.

Quais são suas expectativas para o encontro em dezembro, em Copenhague, quando será discutida a assinatura de um novo Protocolo de Kioto?

SERRA: Pelo decorrer das negociações, já estamos vendo que será difícil mobilizar recursos suficientes para ampliar as metas. Vai haver relutância dos países ricos em destinar grandes quantias para a construção de um novo sistema mundial. No entanto, há trilhões aplicados na recuperação da economia americana. O mundo precisa ver que é possível reverter as mudanças climáticas, mas esforços ainda maiores têm que começar agora. (Camila Nobrega)

Um comentário:

  1. Moço...tá ficando cada vez melhor...mas olha...cuidado com a linha crítico-demais-da-conta pq ai fica muito social...e isso aqui tem a ver com destração e leitura relaxante...adoro seu blog de verdade (e clico nos anuncios tá)
    abraços...

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